terça-feira, 23 de julho de 2013

O Anfitrião Desconhecido

[Matheus Marraschi]

Ceninha da sessão de sábado!


(...)

Sistema: All Flesh Must Be Eaten (Apocalipse Zumbi)
Campanha: Crônicas dos Mortos

Capítulo 5 (Ruínas)
Ato 8: O Anfitrião Desconhecido
Tema: http://migre.me/fzf2j

A chuva caía do lado de fora do West-Side Highschool. Aquele imenso colégio de três andares, que pegava metade do quarteirão, os serviria de abrigo naquela uma noite. Movidos pela fome, limitaram o reconhecimento do local a encontrarem o refeitório e a cozinha. Parte do grupo abastecia as mochilas com enlatados e enchiam as garrafas e squeezes com água dos bebedouros do ginásio, enquanto o resto estendia os lençóis e armava o acampamento. A dúvida sobre estarem sozinhos no grande edifício os corroía. Mesmo Rigg, sempre duro como uma rocha, olhava freneticamente para todos os lados, se mostrando alerta.

Ray e GV se distanciaram temporariamente do grupo para arrombar os armários dos ex-alunos. As duas lanternas dançavam no corredor escuro no meio da madrugada, e o eco das pancadas nos frágeis armários de ferro revestido podia ser escutado pelo resto do grupo que conversava sorrateiramente no refeitório. Revistas pornográficas, materiais de estudo, lanches podres, aparelhos eletrônicos sem bateria e até mesmo drogas foram encontradas, mas nada que poderia ser aproveitado pelo grupo.

Os dois, suados, sentaram-se encostados na parede de armários violados e dividiram uma garrafa d'água para relaxar após o serviço frustrado. A extensão escura do corredor estava quieta demais, e todas as portas de salas como a de professores, laboratório, auditório e enfermaria estavam trancadas. Isso os fez constatar, naquele momento, que quando a infestação se iniciou, o lugar já estava fechado. O som de passos solitários quebrou a calmaria do corredor... GV mirou a lanterna na direção, mas tudo que conseguiu ver foram pernas dobrando um dos corredores a passos lentos. Tudo aconteceu rápido demais, de fato que nem o rosto do “homem” pode ser visto. Ambos se levantaram assustados com o ocorrido e retornaram para o refeitório a fim de informar ao grupo.

Informados, todos bloquearam as portas com mesas e cadeiras, e se dividiram em rondas para pernoitar. Chegaram a uma conclusão de que, se fosse um cadáver, investiria contra os dois, mas Ray rebatia essa ideia com o argumento de que ele se movia lentamente demais, como se a presença deles dois no corredor não o assustasse ou chamasse atenção. Se fosse uma pessoa, talvez não estaria tão tranquila assim. Dúvidas e especulações preencheram o tempo que sobrou antes de se entregarem ao sono.

O silêncio lúgubre preenchia o refeitório escuro. Miller, em sua ronda, deixou o acampamento temporariamente para espalhar um pouco de farinha no ginásio e no corredor que levava ao refeitório. A noite seguiu temerosa e soturna, mas tranquila. Quando os primeiros raios solares cortaram as vidraças quebradas, iluminando parcialmente o local, todos levantaram acampamento e correram para o ginásio, onde uma porta dupla os levaria ao terreno baldio nos fundos da escola. Antes de passarem pela porta, inevitavelmente, olharam para a farinha jogada ao chão, que estava inescrupulosamente espalhada por pegadas de botas. Definitivamente, eles não estavam sozinhos lá dentro...

Sem tempo ou qualquer curiosidade, apenas deixaram o edifício. A luz do sol lutava contra as nuvens carregadas naquela manhã nebulosa, e banhava o topo dos prédios comerciais do quarteirão. Uma bela visão que contrastava com o cheiro podre, característico das ruas em tempos atuais. Alguns cadáveres perambulavam lentamente pela extensão da rua, mas nada que não pudesse ser driblado pelo grupo. Antes de virarem a esquina, voltaram os olhares mais uma vez para a West-Side Highschool. Morreriam sem saber quem ou o que dividiu o abrigo com eles na noite passada, mas estavam bem com isso.

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