quinta-feira, 25 de abril de 2013

"A Boca de Uruk Nasad"


[Matheus Marraschi]

Aqui vai uma dica valiosa para os Mestres: Tentem encerrar as sessões de forma que os jogadores fiquem curiosos em saber o que vem a seguir. Se atiçarem a curiosidade ao máximo no fim das sessões, eles vão iniciar a próxima tão imersos e impolgados quanto terminaram a anterior.
Confiram abaixo o desfecho da útima sessão que eu mestrei em minha mesa de D&D (semana passada). Os jogadores estão tão ansiosos que me perguntaram a semana inteira o que vai acontecer... hahaha :)


(...)

"A Boca de Uruk Nasad"
Tema: http://migre.me/egu8W

Fragmentos rochosos conectavam timidamente uma montanha a outra como se fossem pontes naturais. O frio cortante adormecia a carne, e o forte vento uivava nas pedras pontiagudas. Com as botas afundando na neve e agarrando-se a velhos mantos surrados, seguia a comitiva em seu quarto dia de viagem na busca de uma caverna na montanha impenetrável. A desmotivação e o abalo psicológico nos homens, que já haviam sofrido baixas, aumentavam gradualmente até que uma visão contrastou com a neve branca.

Uma bela porta adorada, antecedida por degraus, parecia levar para o interior de Uruk Nasad. A porta pesada e grossa era feita de pedra e carvalho robusto, mas não tinha nenhum símbolo que identificasse o lugar. Os homens cansados se aproximaram e tocaram a porta castigada pelo tempo. Todos os soldados da comitiva tinham para si que um dos maiores perigos de Uruk Nasad eram suas estradas labirínticas, cujas conexões para imensidão subterrânea de Underdark eram inúmeras. Aglomeraram-se perante a imponente porta e deram início as especulações:

_Só pode ser o sepulcro de alguém importante! – Disse um soldado convicto de suas palavras.
_Quem subiria tantos dias para fazer um funeral? Não seja Tolo! – Contradisse o comandante com um tom de irritação.
_Tem razão, senhor. Isso tá me cheirando a um covil... Quem sabe um culto? – Perguntou outro.
_ Eles tanto andaram nessas montanhas para se esconder, e constroem uma porta na boca de uma caverna? Não me parece prudente. – Argumentou o quarto soldado.
_Não sinto meus dedos há dias! Certamente conseguiremos nos aquecer melhor lá dentro...

As especulações foram interrompidas por uma ordem dada pelo comandante. Dois soldados se colocaram a frente e empurraram a porta com força. Lentamente a mesma se abriu com um ranger peculiar, fazendo com que a neve aglomerada acima despencasse levemente sobre os homens. A luz esbranquiçada daquele dia de inverno cortou a escuridão da caverna, e o cheiro de umidade os atingiu como um soco na cara. Um a um, adentraram o túnel rochoso em um silêncio que só era quebrado pelo som das goteiras. Quando os últimos homens entraram, o comandante deu a ordem de acenderem as tochas.

Os dois soldados que guiavam a comitiva levaram suas mãos as bolsas, mas, antes que pegassem as tochas, uma voz foi ouvida. A voz rouca e muito cansada que ecoava da escuridão adiante os disse:

_Fechem a porta ao entrarem, homens sem educação! Está muito frio lá fora... – A frase fora sucedida por tosses gosmentas e passos rastejantes na escuridão.

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