quinta-feira, 14 de março de 2013

Fluido Como a Água


[Matheus Marraschi]

Agora a narrativa abaixo é uma homenagem aos amantes da classe 'LADINO'. Dêem uma conferida por favor, e me digam o que acharam :)

Ps. Confiram o tema!

(...)


"Fluido Como a Água"
Tema: http://migre.me/dFJS7


Já era a terceira cidade! Seu método não convencional de ganhar a vida absorvia como uma esponja a desaprovação dos oficiais. Desde jogos com apostas em tavernas até furtos fáceis em aglomerações nos grandes mercados dos centros. Mas não era disso que ele gostava, era da sensação. Sentia-se bem com a adrenalina de uma perseguição, ou com o fato de que poderia fazer o que quisesse. Ninguém podia Pará-lo, ninguém podia privá-lo de suas vontades. O ar que se respira é mais puro quando carrega a sensação de liberdade. E era nisso que pensava enquanto corria pelas ruas claustrofóbicas da grande capital.

Será que uma algibeira recheada de moedas valia tanto assim? Aquelas míseras moedas de prata envoltas em um velho suporte de pano foram o necessário para mobilizar dois guardas que espreitavam como gaviões. Movia-se com fluidez, se esquivando de cada pessoa que inteirava a multidão do grande mercado sem, sequer, tocá-las. Enquanto os guardas, pesados por suas armaduras, corriam de forma lenta e ignorante, esbarrando em quem se colocasse no caminho. Mesmo com a chuva rebatendo seu rosto como uma saraivada, usava de sua mobilidade para despistar os soldados, escalando muros como se fossem pequenos cercados. Fazia tudo aquilo parecer fácil demais...

Os gritos dos homens robustos que corriam com as mãos na empunhadura de suas armas eram comprimidos pelo despencar da chuva, e tudo que restava para eles era observar o gatuno correndo sobre os muros que formavam becos como se fossem superfícies amplas. A flexibilidade corporal impressionava os poucos que viam mais do que um simples vulto passar. Com um sorriso de satisfação, finalmente deu um ponto final na adrenalina, saltando do muro para uma simples janela de madeira, na altura do segundo andar de uma estalagem. De lá, subiu rapidamente para o telhado como um gato, onde permaneceu abaixado observando as ruas vazias.

Os guardas já haviam ficado para trás há muito tempo, e a água da chuva corria pelo telhado escorregadio como uma cachoeira. Usou de seu impressionante equilíbrio para simplesmente abaixar-se e contemplar a vista de mais uma cidade que ficaria para trás. Amarrou a algibeira em seu cinto, levantou-se e respirou fundo o ar puro da liberdade, apreciando os belos prédios de pedra adornados em carvalho. As ruas estavam vazias, o que contrastava com o grande mercado coberto por toldos há muitos metros atrás. Em seu interior, tinha para si a certeza de que possuía potencial para muito mais e que viver fugindo era apenas uma opção, mas se satisfazia com aquilo tudo. A chuva lavava sua alma, o ar lhe ressaltava a liberdade e a noite o cobriu como um véu. Sua vida era perigosa, mas era exatamente como ele a queria.

“Se você quer, você pode!”
Respen Mordrayn (o andarilho dos telhados)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Complementando a leitura

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...