sábado, 28 de janeiro de 2012

Narrando -Prólogo – Invasão / Os mortos que caminham


    Era uma tarde de verão. Andrea passeava junto de Eduardo na praça de sua vizinhança. Os dois de mãos dadas usufruíam de toda a luta que tiveram para ficarem juntos. Eduardo contava suas piadas sem graça para a pessoa quem achava impossível esta ao lado. Ela, só  admirava o jovem que lhe fez se sentir bem em tão pouco tempo. Os dois caminhavam lentamente. Pessoas faziam Cooper, enquanto aproveitavam a enorme quadra para patinarem e jogarem basquetebol. Eles sentam- se em um banco de concreto. Abraçam-se profundamente. Após sentir uma emoção estranha vindo do consorte, Andrea quis saber do namorado:

- O que foi amor?
Eduardo olhou para o lado, entristecido e desacreditado.
- Não sei, bem. Eu só estou tendo uma sensação ruim. Acho que uma coisa ruim pode acontecer. Não sei...
Acariciando a testa e a franja do jovem Andrea o tranqüiliza.
- Amor, fica tranqüilo, ta bom!? Já passamos pela pior parte, atualmente estamos felizes e nada de ruim pode nos acontecer. Quem sabe o futuro possa ser ruim, mas superaremos. Agora...
   Andrea hesita em continuar a falar.
- O que foi? – Perguntou, Eduardo.
- Nada. Eu pensei besteira, ia falar bobagem.
- O quê? O que foi?
- Acho que pra separar a gente agora, só a morte mesmo.
Andrea abraça seu namorado antes que o mesmo pudesse retrucar algo, ele assentiu o afeto. Sem nada responder. A jovem, ao abraçar Eduardo começa a sentir o corpo do jovem perder o volume, seu cheiro começar a ser desagradável. O tórax do jovem gemia compulsivamente.
Erguendo a cabeça.
- Você está bem Am... Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Meu Deus!
Eduardo estava com a pele cinza, a orbita de seus olhos estavam dilatadas. Fazendo seus olhos parecerem caídos e esbugalhados. Os dentes pêndulos preenchiam somente parte da boca. Os cabelos do jovem caíram instantaneamente. Ele gemia como um zumbi. Andrea salta dos braços de seu namorado. Chorava em desespero, tentava se afastar lentamente do jovem que extático só gemia e tentava se erguer. Andrea correu os olhos pela praça. Todos que ali estavam agora eram imagens de criaturas trôpegas, que gemiam como zumbis. Estavam hipoteticamente mortos a visão de todos. Com as mãos tentando deter o choro, Andrea corria pra longe daqueles que tentavam se aproximar. Porem, tarde demais. Estava no centro da quadra. Encurralada por varias criaturas. Eram muitas, dezenas, centenas, milhares. Talvez todo o estado. Andrea se ajoelhou, levando a cabeça aos céus pedindo apoio de seu Deus cristão ela grita por salvação. Seria o juízo final?
***

   Orlando tentou agarrar Andrea pelos braços.
- Calma Andrea, calma. É apenas outro pesadelo. Calma.
A jovem adolescente que transbordava suor acordava de outro terrível pesadelo de seu passado. Tentava respirar fundo. Engole seco. O velho ao lado pedia para que outros pudessem trazer um copo de água pra ela.
Segurando o braço do velho de nome Orlando, Andrea se acalma.
- Estou bem, obrigado. – Andrea, levou à mão a barriga saliente. O lombo decorrente de uma gravidez. – Preciso ficar bem.
Dilma, uma das mulheres caminhava até o quarto de Andrea que na verdade era uma sala de aula, com algumas mesas e cadeiras empilhadas. E alguns lençóis. A mulher trazia um copo de água com uma a quantidade mínima de água.
- Toma minha filha, bebe essa água. Precisa se acalmar, se não pode colocar a gravidez em risco.
- Eu sei, eu sei. Obrigado Dilma. Você tem sido minha mãe, depois disso tudo.
Orlando, o velho se ergueu, certificando-se de que Andrea ficará bem   ele se retira do quarto seguindo o corredor, dizendo:
- Preciso ir à sacada da escola. Henrique disse que mais uma vez o pequeno Otávio saiu mais uma vez. Aquele moleque, nunca aprende. Vou ter de furar os pinéus daquela bicicleta dele.
   Dilma confirma se a jovem estava com febre e continua acalmando-a.
- Mais um pesadelo com o seu namorado, filha!?
Andrea assentiu com olhar de tristeza.
- Deve ser um inferno pra você né? Isso é pra todos, mas, você é uma jovem, esta grávida sem seus pais e principalmente sem o pai de seu filho.
A adolescente abraça a mulher iniciando um murmúrio seguido de choro.
- O pior, Dilma. É que não sei como vai minha família. Não sei se eles se tornaram esses mortos que andam ou estão se refugiando como nós. Será que isso voltará ao normal? Será um castigo de Deus? Ou realmente é a nossa extinção para uma nova raça?
- Não sei querida. Só o senhor lá de cima sabe. Tudo se resolverá no tempo dele.
Andrea levantou a cabeça, tristonha.
- Isso... se ele ainda existir...
***

   No terraço de uma das escolas particulares do estado do Ceará estavam naquele fim de tarde. Vitor e Ari. Dois adolescentes que se abrigavam na escola. Após uma epidemia entrópica tomar o estado. Fazendo pessoas mortas caminharem e as que fossem feridas por esses se transformassem em mortos andantes. Já fazia oito meses desde que tudo começou, o estado e o  país estavam tomados por supostos mortos vivos. E ninguém, governo, força militar e autoridade nacional sabiam o que era aquilo. Religiosos e Fanáticos de todos os tipos acusavam o desfecho de apocalipse ou invasão de forças extra planares. Enquanto muitos esperavam a volta de Jesus, outros lutavam para comer e se protegerem dos mortos caminhantes.
Vitor e Ari observavam os mortos que nas ruas sujas e poluídas caminhavam em extrema lentidão. Os dois contavam piadas usando a feiúra de alguns defuntos que nada tinham haver com o senso de humor dos jovens. Do outro lado da sacada estava Henrique, um homem de meia idade. Era marido de Dilma. E  procuravam refugio na escola até encontrarem pelo caminho a Criança, Otávio e senhor de idade, Orlando. Um velho caminhoneiro. Andrea foi encontrada inconsciente em uma das fugas dos melhores amigos, Vitor e Ari. Atrás de comida fora da escola. O segundo se apaixonou pela jovem, mas, desistiu ao saber do grande amor de Andrea e o filho que esta esperava.
Ari terminou de contar mais uma piada, ficou quieto. Serio repentinamente.
- O que você pediria se tivesse uma lâmpada com três desejos, cara!? – Ari, indaga ao seu amigo. Que girando o olhar pra ele, lhe rebate de imediato.
- Bom cara... - Vitor coloca uma das mãos na barda loira.- Eu, primeiro pediria uma semana de banho. Depois, um tablete de barras de chocolate. E por ultimo, não sei, acho que uma revista playboy.
Ari quase cai da cadeira com o ultimo pedido do amigo. Os dois gargalham alto, quase chamando a atenção dos mortos rua abaixo.
- E você, cara? Perguntou, Vitor. – Sem contar com a menina grávida lá que vive dormindo.
Ari respirava fundo, olhou para baixo. Depois procurou Henrique do outro lado que usava um monóculo.
- Eu... sei lá mano... eu queria algo vivo, momentos. Queria voltar na época que eu era um azarento dessa escola. Continuar a levar os foras das meninas gatas. Ser bom em matemática e viver comprando minhas revistas de jogos para PC. Poxa, cara. Estamos sozinhos, sem os pais, sem proteção nesse inferno. E sem mulheres. Que dizer... acho que acabou pra nós. Mas, na verdade eu queria mesmo era...
   Henrique tira a atenção dos jovens. Gritando para todos.
- Olhem! Otávio esta voltando. Olhem, vamos recepcioná-lo.
Vitor e Ari correm ate próximo de Henrique e percebem o pequeno Otávio. Cruzando temerariamente alguns zumbis com sua bicicleta preta. A criança carregava uma mochila. Com eficiente destreza, ele chegou ate o portão  de entrada que é rapidamente aberto pelo senhor Orlando.
- Está louco Otávio. Você quer morrer! Está escurecendo. Terei de confiscar sua bicicleta.
Otávio jogou a bicicleta no chão e pedindo perdão saca a mochila das costas.
- Calma, calma. Dessa vez eu consegui achar algo interessante. – Abriu o zíper. - Hoje em encontrei isso. – A criança ruiva puxa da mochila um pedaço de papel de cor azul.
Orlando observou antes e em seguida tomou da mão da criança. Ele empalideceu ao ler o que havia escrito naquela receita.
Transporte de autorização para área de quarentena no estado do rio de janeiro. Embarque no port0o do persem. Vale cedido pelo presidente do país. Valor: 1 Pessoa.
Data de saída: 20/12/2030

O Velho Orlando engole em seco. E murmura consigo.

- O governo mandou resgate. Isso, há três dias. Temos que ir ao porto. Deve ter algo lá. Otávio vá chamar os outros.
Colaborador do mestre veterano


Felipe - "O Toreador"


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Narrador
Especialidade : Mundo das trevas
Fortaleza / Ceara / Conjunto Esperança

2 comentários:

  1. Primeiro tenho que dizer, que já havia lido isso, não é senhor Felipe?
    Gostei bastante... é isso.

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    Respostas
    1. Muito obrigado, querida amiga Elânia. Estou trabalhando sempre pra melhorar. E olha que esse nem foi o que você gostou mais. Desejo que continue lendo meus contos e prólogos e um vindouro livro. Obrigado.

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