quarta-feira, 27 de março de 2013

Uma longa madrugada


[Matheus Marraschi]

Confiram abaixo a narrativa de uma cena tensa, ocorrida na minha última sessão de AFMBE (apocalipse de zumbis). Espero que gostem! :)


(...)


"Uma longa madrugada"
Tema: http://migre.me/dRGG0


Michael ajudava Shelby a tirar a mesa após o jantar, a rua estava silenciosa do lado de fora do prédio e Benjamin se resguardava em um dos quartos do apartamento. Os outros estavam lá em cima fazendo uma “limpeza” no último andar (sexto), cujo acesso estava bloqueado por tábuas pregadas. O velho Frank já bocejava em sua cadeira de balanço, quando Ray, desesperado, entrou pela porta às pressas guiando seus companheiros. Stanley e Gevolx traziam Miller atrás, que exibia o antebraço ensanguentado e uma nítida expressão de dor. Ambos conduziram seu companheiro até o banheiro, enquanto Ray correu para o quarto a fim de solicitar Benjamin, que já se deitava.

Uma grande exaltação teve início no apartamento, outrora, monótono.
_Ele foi mordido? - Era só isso que a eufórica Shelby conseguia perguntar, mas esta era frequentemente ignorada por seus companheiros preocupados.
Gevolx e Stanley deram espaço a Ray e Benjamin no pequeno banheiro, e se prontificaram a acalmar Shelby, que foi levada para sala. Ray desceu a tampa do sanitário para que Miller pudesse se sentar, e Benjamin imediatamente tomou a frente, ajoelhando-se para vasculhar sua maleta de primeiros socorros. Sem a total certeza de como o vírus funcionava, tudo que o doutor pôde fazer foi limpar o ferimento. Quando o excesso foi removido, tingindo as gases de vermelho, a marca dos dentes ficaram nítidas no antebraço de Miller. Com o ferimento limpo e enfaixado, o homem fora imediatamente algemado a contragosto no sanitário.

Benjamin foi até a sala para anunciar aos outros que já havia feito tudo que poderia ser feito, bastava somente esperar. Os bocejos começavam a ganhar força até que, um a um, todos se alojaram como puderam nos quartos e corredores apertados com colchões, com exceção de Ray. Este permaneceu no banheiro, sentado a porta, enquanto conversava com seu amigo algemado. Mesmo após ter insistido em dias passados para que Miller abandonasse o vício por bebida, naquela noite Ray se prontificou em fazer com que as vontades do mesmo fossem feitas (talvez as últimas). E, de fato, tudo que Miller queria era a garrafa de Black Label que estava em sua mochila e, Ray não hesitou em pegá-la. Aos goles de uísque, ambos ganharam a madrugada silenciosa naquele apartamento aterrador.

Frank permaneceu sozinho na sala, em sua fiel cadeira de balanço, aproveitando os últimos dias de energia elétrica. O rádio velho que, não saía do lado do idoso, tocou clássicos do Jazz durante toda a madrugada. Volta e meia, observava pela janela atrás do rádio os cadáveres rastejantes nos becos escuros, mas os ignorava sempre com um semblante ranzinza. A voz marcante e abafada da Sarah Vaughan, que tanto remetia lembranças a Frank, fora uma tortuosa trilha sonora, que marcou uma noite de terrores. Uma longa madrugada se iniciava para Miller, que usava do gosto amargo de sua bebida e das palavras trocadas com Ray para se manter acordado. Ele sabia que, caso se entregasse ao sono, poderia não acordar sendo o mesmo de antes.

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